quarta-feira

Um conto de Dark Sun

A história a seguir eu escrevi para ser o background de um personagem de RPG baseado no cenário Dark Sun, da quarta edição de Dungeons and Dragons. A ambientação é parecida com Mad Max e a Cúpula do Dragão, com água sendo o elemento mais valioso do mundo. 


Luthien ponderou por dias se deveria ter ajudado aquele humano. Sabia que a atitude não seria tolerada pela tribo élfica de qual fazia parte. Mesmo assim, passou a voltar com um intervalo regular de dias para alimentá-lo e dar de beber. Não sabia o que a impelia a fazer aquilo, mas estava ciente da punição caso fosse pega.
Semanas depois, ajudando o humano a passar despercebido dos batedores que vasculhavam o perímero da tribo, passou a estender suas visitas e ficar algumas horas durante a noite. Foi sua pior decisão, pois os enjôos que sentia pela manhã logo denunciaram sua nova condição.
Sem pensar muito, fugiu para o deserto e para aquele que a havia condenado. Iriam fugir e deixar a tribo no passado e a distância, a única forma de permanecerem seguros. Foi por pouco tempo, pois o noivo de Luthien logo organizou equipes de busca e encontrou os dois. Sem perguntar, encerrou a vida do humano e levou sua noiva em prantos de volta ao acampamento, sem ciência do bebê que carregava em seu ventre.
A notícia da gravidez foi anunciada semanas depois, quando não havia mais como escondê-la. A mentira, de que a criança era um elfo, foi perpetuada até o nascimento da criança, quando não houve mais meios de esconder isso. A traição se tornava então pública.
Mãe e filho foram poupados da morte imediata, mas apenas para serem banidos da tribo em meio ao deserto. Eles não mereciam uma morte rápida e deveriam definhar dia após dia. Vagaram, sem comida e com apenas um cantil, até o momento que Luthien não resistiu e desmoronou. 
A criança sobreviveu graças a mãe, que não consumiu uma gota de água sequer, para o filho tivesse uma chance de continuar sua vida. Graças a esse pensamento, um mercador de um quartel próximo o encontrou enquanto ia a uma cidade próxima adquirir mantimentos.
O quartel pertencia a uma ordem militar que treinou o meio elfo durante anos. Cada vez mais, seus poderes psiônicos aumentaram e sua capacidade de combate se aperfeiçoava. Ele cresceu sem o preconceito que a raça sofria em todo o resto de Athas, mas ao mesmo tempo nunca conheceu o mundo exterior, pois mostrá-lo ao resto da população poderia trazer problemas aquele lugar.
Um dia, escondido em uma carroça, ele foi ao mercado para saciar sua curiosidade sobre aquele local. Ao ser descoberto, vários mercadores se voltaram contra o condutor e o clandestino. O jovem, ciente de sua capacidade de combate superior aqueles camponenes bem que tentou ficar e enfrentá-los, mas o homem mais experiente fugiu para o quartel antes de haver qualquer agressão por ambas as partes.
A política de boa vizinhança do templo não os protegeu... Caçadores de escravos souberam do jovem que habitava aquele local e viram nele uma preciosa mercadoria que poderia ser vendida para os torneios de gladiadores. O templo foi atacado na surdina e os escravagistas se demonstraram excelentes oponentes, mas aqueles homens estavam acostumados a tais ações e no momento em que conseguiram seu prêmio, fugiram sem pudores.
Semanas ou talvez meses de passaram na escravidão. Ele estava dormente e tudo o que pensava era o dia que encontraria um adversário que encerraria seu sofrimento. Claro que não poderia se render em uma luta, pois a covardia ou a desistência não foram ensinadas a ele enquanto vivia entre os monges.
Lutou cada batalha como se fosse a última e sobreviveu até o momento em que a queda do feiticeito rei foi orquestrada. Naquele momento, podendo escolher entre morrer como escravo ou lutar pela liberdade de todos a sua volta, escolheu o caminho do justo e contribuiu na revolução que se formou a partir desse momento.
Apesar disso, o preconceito não terminou e ele passou a viver como um proscrito no interior da cidade. Andava sozinho, escondia suas características raciais e fazia pequenos serviços que garantiam sua sobrevivência.
Seu nome já não era lembrado entre os homens, que o conheciam apenas como Massacre.

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