domingo

Objetivos estratégicos em serviços públicos

É engraçado (e até mesmo triste) ver como as coisas são levadas no Brasil quando tratamos de serviços públicos. Estudando gerenciamento de projetos há dois anos, já sei reconhecer que qualquer projeto executado por uma instituição precisa ser alinhado com os objetivos estratégicos da mesma, senão ele não faz o menor sentido.

O objetivo estratégico é uma meta que a empresa quer chegar e pra isso determina alguns critérios para a avaliação desse objetivo. Um exemplo é “aumentar nossas vendas em 2% nos próximos 6 meses”. Podemos ver que o objetivo é mensurável, palpável e tem um prazo definido. E desse ponto selecionamos os projetos que nos ajudarão a cumprir esse objetivo.

Do ponto de vista da legislação do nosso país, vejo certas decisões como projetos e até mesmo vem a origem do nome “projeto de lei”. Então o que justifica termos 2 projetos completamente contraditórias sendo votadas no mesmo ano? A primeira decisão, julgada pelo Supremo Tribunal Federal, tirou a obrigatoriedade do diploma de jornalista. Segundo matéria da UOL:

Para o relator, danos a terceiros não são inerentes à profissão de jornalista e não poderiam ser evitados com um diploma. Mendes acrescentou que as notícias inverídicas são grave desvio da conduta e problemas éticos que não encontram solução na formação em curso superior do profissional.

Já a segunda, ainda em discussão na Câmara, quer colocar a obrigatoriedade de diploma para a profissão de fotógrafo. Olhando a justificativa desta segunda lei, temos o seguinte texto:

O presente projeto se justifica por se tratar de uma profissão marginalizada e discriminada por falta de uma legislação específica do ensino técnico e científico.

O fotógrafo, por ter diploma, deixaria de ser marginalizado e somente pessoas direitas atuariam nessa profissão. Isso eliminaria inclusive, situações onde os jornais (aqueles que precisavam de diploma) editem fotos e mostrem uma realidade que não existe. Acha que isso não acontece? O Jornal do Brasil removeu pedaços de corpos de uma foto do atentado terrorista em Madri que foi publicada em sua capa. Quando outros jornais publicaram a mesma foto, a farsa foi descoberta.

Resumo da ópera, nosso dinheiro está sendo investido em um projeto para regulamentar uma profissão sem real necessidade disso ou alinhamento com qualquer objetivo do governo. E mesmo que o projeto seja aprovado, o STJ não tardará em julgar a inviabilidade dele, como fez com a profissão de jornalista. Já repararam que ambos são profissionais de comunicação?

Enquanto isso, nosso governo não sabe pra onde vai. Alguém ouviu falar em metas de saúde pública? Em quanto o IDH da sua cidade pretende subir até o fim do ano? Se existem, gostaria de ver a mensuração delas ao final do período que o objetivo definiu e saber se as metas foram atingidas. O que me parece é que os senhores do legislativo só trabalham para colocar seus nomes estampados na mídia e esperar a próxima eleição.

E vamos brincando de #forasarney.

Um comentário:

  1. Com certeza é meio esquisito ver a profissão de jornalista sem o diploma e de um fotógrafo (que vejo como jornalista tb) com a necessidade.

    Por outro ponto, mostra que é preciso existir de alguma forma a regulamentação de tais áreas, já que nos dias de hoje, qualquer um pode ser qualquer coisa.

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